A pediatra Márcia Mizrahy acompanha inúmeras mamães durante o pré natal e após o parto para garantir que elas estejam bem informadas e que vivam este processo de tantas mudanças de maneira mais tranquila, sem se preocupar com mitos e estereótipos.
E no texto de hoje vamos expor os pontos chave de uma conversa muito agradável que tivemos com a Márcia acerca do período gestacional, do pré-natal com o pediatra e de todas as questões que são levantadas e como este momento pode ser mais leve com a orientação correta.
Se você está curioso para entender mais sobre o que fazer ao se descobrir mãe, siga a leitura e confira!
Como é o pré natal com o pediatra?
A pediatra Márcia nos explica que o pré-natal com o pediatra não é uma novidade e que acontece com base nas normas da sociedade brasileira de pediatria.
Ela informa ainda que a partir de 30 semanas de gestação, o plano de saúde oferece a oportunidade de fazer uma consulta com um profissional especializado e que é muito importante que as mamães compareçam a esta consulta.
O pré-natal com o pediatra tem como objetivo conversar com os novos pais sobre as inseguranças inevitáveis que surgem, a preparação para o parto humanizado com o profissional adequado, a trilha sonora de desejo da mãe e os cuidados necessários para que a experiência seja a melhor possível.
Além disso, é possível realizar os testes de triagem, conversar sobre o momento do banho no bebê, das vacinas, da amamentação, afinal, de acordo com a pediatra, nós somos os únicos mamíferos que pensam para amamentar.
Por fim, é um acompanhamento para explicar que o bebê tem suas singularidades e que devem ser respeitadas sem espanto. Por exemplo, como ele ainda não fala, sua forma de se comunicar é pelo choro e, quando se escuta o choro sem desespero, é possível conhecer mais sobre a criança e suas demandas.
A criança deve ter interação com as telas?
Este é um tema bastante polêmico, uma vez que a maioria das crianças tem contato com as telinhas muito cedo. Porém, a pediatra é incisiva em informar que esta não é a melhor estratégia para auxiliar no desenvolvimento da criança, uma vez que o uso de telas pode atrapalhar o desenvolvimento visual, cerebral e a fala se utilizado antes dos dois anos de idade.
Ela aconselha a utilizar brincadeiras que estimulem a visão, o toque, a fala e o paladar, quando possível. Ou seja, ao invés de colocar somente um desenho na TV, oferte à criança o brinquedo físico para que ela crie a própria história com o objeto. Além disso, use músicas interessantes e divertidas para brincar, conte histórias, permita à criança folhear livros e tenha a imaginação estimulada. Isso significa que é interessante incentivar a auto expressão da criança.
Onde buscar informações?
Além de contar com o acompanhamento de um profissional, é interessante ter acesso a conteúdos de psiquiatras e demais indivíduos conhecedores do ramo. No entanto, sempre veja a fonte das informações e não se compare, aceite a individualidade do seu filho em relação ao progresso nas etapas. Dessa forma, é possível viver a maternidade de uma maneira muito mais leve e sem a crença em informações pouco embasadas.
Quando levar a criança ao pediatra?
Márcia informa que a primeira consulta com o pediatra deve acontecer entre 7 e 15 dias de vida e alega que prefere que seja do décimo quinto dia em diante, porque todo bebê desincha e recupera o peso em torno deste prazo. Logo, não se assuste se o seu bebê perder peso nos primeiros dias, os bebês a termo podem perder até 10% do peso e os prematuros até 15% do peso. Ou seja, não há a necessidade de se culpar e imaginar que o filho está sendo mal nutrido.
A pediatra informa que nos primeiros dias o mais importante é que a mãe tenha uma rede de apoio para amamentar. Esse apoio pode ser oferecido por doulas, consultoras em amamentação, técnicas de enfermagem que vão para a casa da mãe do bebê, dentre outros profissionais especializados em facilitar este momento.
Por fim, Márcia alega que é necessário levar o filho ao pediatra do décimo quinto dia de vida até os 18 anos, 11 meses e 29 dias, ela brinca que muitos pacientes vivem a última consulta com grande pesar e saudade. Afinal, ter um acompanhamento de qualidade pode mudar a vida do indivíduo.
Toda mãe precisa ter parto normal e amamentar?
Este tema gera bastante conflito e culpa nas mamães e a pediatra conta que não há a necessidade disso.
Na atualidade há uma grande moda em torno do parto normal e da amamentação, porém nem todas as mães possuem a capacidade fisiológica e/ou emocional para cuidar de seus filhos desta maneira e está tudo bem.Toda mãe faz o seu melhor para o seu filho e isso implica que suas decisões partem de grandes reflexões e renúncias. Logo, é importante não julgar os desejos das mães e acolhê-las durante todo o processo da gravidez e depois dele.
Até porque, o que importa é que o parto e a amamentação sejam realizados de maneira muito bem refletida para não ocasionar danos à saúde de ambos.Inclusive, a pediatra explica que o bebê deve mamar até se sentir saciado e que a mãe não deve tirar o peito ou a mamadeira antes que este seja um desejo do próprio bebê. Além disso, vale a pena que os pais da criança participem juntos de todas as consultas e momentos para que haja amplo acolhimento e informação.
Como vimos, para encarar a maternidade com leveza é necessário bastante informação e a despedida de estereótipos. Muitas vezes as opiniões embasadas em experiências somente, acabam atrapalhando mais do que ajudando. Por isso, é preciso buscar as fontes corretas e adequar sua rotina de maneira que seja possível colocar em prática estas estratégias, otimizando a saúde e o desenvolvimento da criança, bem como a tranquilidade de saber que as suas demandas e as demandas do seu filho estão sendo respeitadas.
Dra. Márcia Mizrahy